quarta-feira, 6 de abril de 2011

ATÉ ONDE VAI O AMADORISMO

Li recentemente texto que me deixou pensativo e um tanto quanto indignado e resolvi postá-lo para que meus leitores, muitos deles dirigentes de clubes reflitam sobre esse tema e decisões que vem impedindo a evolução do futebol em nosso país. Espero que sirva de alerta e iniciem um novo modelo nas gestões dos clubes, com mais profissionalismo, ética e com seriedade, principalmente quando a questão é o técnico.


Choque de gestão no futebol: os cabelos estão arrepiados (Eduardo Fantato)

(Esporte precisa de central de informações e recursos tecnológicos que auxiliem os dirigentes na gestão.)


"Ele é um excelente profissional, muito bom caráter, um homem sério, mas nós que convivemos no dia a dia achamos que é necessário fazer um choque de gestão”.
Com essa frase, a diretoria do Atlético Goianiense justificou a demissão de René Simões do comando técnico da equipe, que conseguiu evitar o rebaixamento no ano anterior e que liderava o campeonato estadual.


Virou moda. Agora no futebol a onda é fazer um choque de gestão. Choque de gestão virou desculpa para fracasso, virou desculpa para erro e agora, ainda mais, virou justificativa para o famoso “me deu na telha trocar tudo”.


O futebol precisa, cada vez mais, de uma central de informações e recursos tecnológicos que auxiliem a avaliar, medir desempenho, e forneçam informações que possam ser transformadas em conhecimento. Mas isso não basta, se as pessoas que decidem não souberem o que fazer com elas. Ou, o que é pior, tomarem decisões sem ao menos olhar para informações: o tal “choque” não fará nem cócegas.


Nos últimos anos vimos com freqüência o termo ser utilizado no futebol. Atlético- MG já utilizou, Corinthians recentemente para justificar o fracasso da Libertadores, o Flamengo, o Goiás, enfim, tantos dizendo sem dizer. O futebol precisa aprender com o mercado, porém, não adianta só fazê-lo no nome e da boca para fora. Choque de gestão, em resumo simples, remete a mudança no rumo e na forma de gerir, ou seja, o dirigente que o propõe deve estar amparado em informações para tomar tal decisão e não tomar a decisão e justificar com tal alcunha. Como um choque de gestão pode ser aplicado se não existem parâmetros, critérios e ferramentas que possam avaliar os rumos?


Um técnico com 70% de aproveitamento é alvo de choque de gestão, técnico invicto também, técnico rebaixado, técnico interino, enfim, toda mudança de técnico virou choque de gestão. Independentemente do nome, é importante que as decisões de mudança de rumos, que nem sempre se concretizam com a simples mudança de uma peça (treinador), sejam amparadas com argumentos, informações, dados, análises, critérios, e não apenas no feeling de uns e outros.


O feeling é extremamente importante e não pode ser descartado, porém, os gestores do futebol brasileiro se apegam a ele como justificativa: ”senti que era hora de mudar”. Precisamos de critérios para tomar decisões. Se no futebol os resultados justificam tudo, vamos avaliar resultados, sejam eles de jogo, sejam eles de retorno de marketing, sejam eles de investimentos ou da natureza que for. Caso contrário, vamos ser todos eletrocutados com tanto choque à toa e continuaremos com nossos cabelos arrepiados.


Por: Eduardo Fantato/ Fonte: Universidade do Futebol

sexta-feira, 1 de abril de 2011

TIRANDO DÚVIDAS SOBRE ESTAR APTO A EXERCER NOVA FUNÇÃO

REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO É CONFUSA

Qualquer torcedor se for convidado, pode exercer sem constrangimentos legais a função de treinador. Graças a um conflito entre leis federais, não há regulamentação clara sobre a profissão. A primeira lei que tratou da profissão de técnico foi sancionada por Itamar Franco em 1993. Ela determina que o exercício da profissão de treinador de futebol é assegurado PREFERENCIALMENTE aos portadores de diploma de Educação Física, ou a quem já exercia a atividade antes da vigência da lei. “O termo preferencialmente permite que qualquer pessoa exerça a profissão. E a lei continua em vigor”, observa José Antônio Nogueira Júnior, diretor do Sindicato dos Treinadores Profissionais de Futebol do Estado de São Paulo (Sintrepfesp) - uma das três entidades de classe estaduais no Brasil (as outras são no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul).


Em 1998, Fernando Henrique Cardoso assinou a Lei que criou o Conselho Federal e os Conselhos Estaduais de Educação Física. A nova legislação estabeleceu que os treinamentos especializados nas áreas de atividade física e do desporto (onde se enquadra a prática de treinador de futebol) competem apenas aos profissionais de Educação Física. E só tem direito a esse título quem passar pelo banco da faculdade, ou quem já exercia tais atividades antes da vigência da lei. Por outro lado, o diploma de terceiro grau dá ao aluno somente conhecimentos gerais sobre a área de Educação Física, e não o capacita a tornar-se técnico de futebol. “O conhecimento científico do formado tem seu valor, mas a vivência como jogador, a experiência com dezenas de técnicos no dia-a-dia da atividade não tem preço”, afirma Caio Júnior (foto abaixo), atual técnico do Botafogo RJ.

“A faculdade não ensina tática, história do futebol e não forma como treinador. Mas o profissional também deve ter noções de anatomia, pedagogia, psicologia.... É difícil falar quem tem razão”, diz Nogueira Júnior, formado em Educação Física e com especialização em futebol. O que defendem muitos técnicos e dirigentes sindicais é a criação de um curso especial para que um ex-jogador não seja obrigado a concluir uma faculdade para exercer a profissão. “O atleta não consegue conciliar carreira e estudo, e quando pendura as chuteiras não tem mais tempo ou condição financeira para quatro anos de faculdade”. “O ideal seria permissão para iniciar nas categorias de base, e depois de certo tempo ascender ao profissional”, sugere Caio Junior.