Renê Weber, técnico do Al-Shaab da Arábia, grande amigo e leitor do blog, gentilmente me envia e-mail sobre matéria publicada no Jornal Extra RJ, do dia 14 de janeiro que contribui com nossa postagem anterior sobre DESPERDICIO DE TALENTOS e confirma tudo o que pensamos sobre trabalhos de base. No texto a seguir um comentário de Renê sobre a dificuldade de encontrar-mos no futebol brasileiro o jogador de meio campo criativo e decisivo para as equipes. Até quando os dirigentes serão coniventes com os sistemas táticos utilizados pelos treinadores das categorias de base dos nossos clubes?
O BURACO NO MEIO
Por: Gilmar Ferreira, em 14/01/2011 às 15:48
Em novembro de 2005, o repórter Guilherme Van Der Laars, hoje editor-assistente aqui do Jogo-Extra, ouviu de Renê Weber, então técnico da seleção brasileira sub 20, um alerta que hoje, cinco anos mais tarde, soa como profético.
"Estão matando os meias. Você vai olhar na base, roda o Brasil e não acha. Quase todos os times jogam com três volantes. Não é uma teoria, é estatístico. Não tem mais aquele camisa oito tradicional de antigamente", explicava o jovem treinador, ex-meia de ligação do time do Fluminense campeão brasileiro em 1984 e tri estadual de 83 a 85.
A constatação era óbvia: o esquema 3-5-2 estaria matando a galinha dos ovos de ouro do futebol pentacampeão do mundo, com técnicos dos times das divisões de base optando por escalar suas equipes com três volantes no meio.
"Quer ficar rico, acha um meia", provocava Renê, resignado por ter encontrado pelo menos três para preencher o setor de sua seleção: Diego (ex-Santos), Renato (do Galo, na época) e Evandro, jogador do Atlético-PR.Em dezembro passado, o ex-atacante Bismarck, hoje empresário, lamentou não ter visto no Brasileiro sub 20, em Porto Alegre, um só meia que merecesse um investimento, carência já diagnosticada no campeonato que corou os argentinos Conca, D"Alessandro e Montillo.
Ou seja: o buraco identificado por Renê lá em 2005, na base, tornou-se uma cratera em 2010, um assassinato que deixa órfãos os verdadeiros amantes do futebol brasileiro, desde aqueles que viram os times serem comandados por célebres camisas 8 aos que consagravam eternos camisas 10.